Os Vencedores dos Óscares 2022 - Análise, Surpresas e Derrotados

É difícil escolher um momento para o qual a 94ª Edição dos Òscares ficarão para a história....Mas tal como aconteceu com a 89º Edição, por exemplo, será o momento bizarro da noite a ser recordado e não tanto os vencedores. É de recordar que nessa edição passada, "La La Land" foi erroneamente anunciado como vencedor do Óscar de Melhor Filme que viria a ser conquistado pelo drama "Moonlight". Já a 94º Edição será recordada por algo mais grave. E falamos claro está da agressão de Will Smith a Chris Rock após este ter feito uma piada sobre a mulher de Smith, a também atriz  Jada Pinkett Smith. 

Já vimos vários momentos bizarros nos Óscares, mas uma agressão em direto e logo entre duas estrelas mediáticas foi algo inédito. As agressões no evento não são propriamente uma novidade já que sempre circularam histórias de mal entendidos nos bastidores, mas uma nova página bizarra foi escrita na madrugada de domingo para segunda-feira. O que inicialmente parecia ser uma encenação de mau gosto (tendo em conta os envolvidos, o timming e o local) revelou-se mesmo um escândalo que, na cultura americana, rivalizará certamente com o incidente Janet Jackson/Justin Timberlake da SuperBowl. Não era esta a publicidade que os Óscares precisavam ou certamente esperariam ter em mais uma cerimónia que, salvo este momento bizarro, foi tépida e previsível....até à entrega do Óscar de Melhor Filme.

Não se sabe se o incidente de Smith poderá ter ou não aumentado as audiências na segunda parte da cerimónia....Mas certo é que a cerimónia em si foi, uma vez mais, banal e muito àquem do glamour e do grande espétaculo de outrora. Mesmo após as mudanças perpetradas para dinamizar a cerimónia, a Academia deverá voltar ao planeamento porque as coisas não correram bem outra vez e se não fosse pelo incidente de Smith, os Òscares iriam passar mais um ano ao lado do público....

Mas se não fosse por Smith (que já agora ganhou com previsibilidade o Óscar de Melhor Ator por "King Richard"), a 94ª Edição dos Óscares ficaria marcada pela vitória de um filme exclusivo de uma plataforma de streaming na categoria de Melhor Filme. Já se sabia que isto iria acontecer este ano, mas o protagonista desta história foi inesperado....Todos esperavam que fosse "Power of the Dog"/"O Poder do Cão" e a Netflix a conquistar este galardão máximo e a fazer história em Hollywood, mas tal honra acabou por pertencer a "CODA" e à Apple+. É mais uma estrondosa derrota para a Netflix que, feitas as contas, saiu desta edição "apenas" com o Óscar de Melhor Realização de Jane Campion. 

A Netflix, que à entrada para os Óscares, era o produtor de conteúdos com mais nomeações acabou mesmo por ser a grande derrotada da noite. Mérito para a sensação indie "CODA", um filme que pouco conquistou na restante época de prémios, mas que chegou aos Óscares com o ímpeto ideal que lhe permitiu capitalizar o seu mediatimos em três grandes estatuetas: Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Ator Secundário, sendo que nestas três bateu, curiosamente, o favorito "The Power of the Dog".....A Apple+ foi, assim, o primeiro serviço de streaming a chegar ao Óscar de Melhor Filme, prémio tão desejado pela Netflix que, verdade seja dita, continua a ser a Rainha do Streaming, mas claramente que esta vitória da Apple+ lançará um aviso de alerta junto dos executivos da rival para não descansarem ou abrandarem na sombra da liderança....E com isto o Cinema ganhará, porque sem dúvida que Netflix, Amazon e Disney irão produzir mais...e melhor. 

As previsões do Portal Cinema aos Óscares foram batendo certo (quer na justificação, quer no vencedor) até a categoria de Melhor Filme. O que não nos surpreendeu foram as vitórias de “Os Olhos Tammy Faye”. Tínhamos previsto a sua vitória na categoria de Melhor Caracterização e aludido à possível vitória surpresa de Jessica Chastain na categoria de Melhor Atriz, algo que acabou por se verificar....E verdade seja dita, quer o filme, quer a sua protagonista, mereceram inteiramente as vitórias.

Também se tinha previsto uma avalanche de vitórias de "Dune" nas categorias mais técnicas....e tal acabou mesmo por acontecer. O sucesso e brilhantismo da obra de Dennis Villeneuve levou à conquista de 6 Óscares e não só foi o filme mais vitorioso da noite, como um dos mais vitoriosos dos últimos anos. Imitou, por exemplo, "La La Land" que também brilhou nas categorias técnicas. Uma das grandes injustiças desta edição dos Óscares foi a não inclusão de Villeneuve no lote de nomeados a Melhor Realizador e o show que "Dune" acabou por dar veio confirmar a real dimensão desse escândalo. 

"Belfast", a grande esperança de um estúdio tradicional para os Óscares, acabou por conquistar o prémio que todos lhe apontavam como certo, ou seja, o de Melhor Argumento Original. E acreditamos que deve ter vendido cara a derrota na categoria de Melhor Filme. O que é certo é que "Belfast" mereceria um pouco mais. 

A sensação nipónica "Drive My Car" venceu o prémio que se esperava - Melhor Filme Estrangeiro - e acabou por ter mais sorte que a outra sensação indie estrangeira dos Óscares: "Flee". Embora com três grandes nomeações, "Flee" perdeu o prémio de Melhor Animação para "Encanto" (vitória mais do que esperada ) e, sobretudo, a estatueta de Melhor Documentário para "Summer of Soul". Para além de "Encanto", a Disney conquistou mais um Óscar com "Cruella" na categoria para a qual Luís Sequeira estava nomeado.

Resumindo, "CODA", "Dune" e a Apple+ foram, sem dúvida, os vencedores da noite, já "The Power of the Dog" e Netflix ficaram na coluna dos derrotados da noite. E a Netflix não só pelas derrotas do filme de Campion em dez categorias, mas também pelas derrotas das outras suas produções a concurso e que se espalharam por praticamente todas as categorias do evento....até mesmo nas categorias de curtas-metragens. Quem também saiu derrotada desta 94ª Edição foi...a Academia. Para além do escândalo que se avizinha e que perdurará em relação a Smith, a Academia voltou a montar um espétaculo sem brilho, garra ou criatividade que cada vez afasta mais as novas gerações de um evento que se julgava inabalável. 


MELHOR FILME

“CODA”


MELHOR REALIZADOR

Jane Campion, “O Poder do Cão”


MELHOR ATOR

Will Smith, “King Richard: Além do Jogo”


MELHOR ATRIZ

Jessica Chastain, “Os Olhos Tammy Faye”


MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Troy Kotsur, “CODA”


MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Ariana DeBose, “West Side Story”


MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

“Belfast”, Kenneth Branagh


MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

“CODA”, Siân Heder


MELHOR BANDA-SONORA ORIGINAL

“Dune”, Hans Zimmer


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“No Time to Die” de “007: Sem Tempo para Morrer”


MELHOR SOM

“Dune”


MELHOR EDIÇÃO

“Dune”, Joe Walker


MELHOR FOTOGRAFIA

“Dune” Greig Fraser


DESIGN DE PRODUÇÃO

“Dune”, Patrice Vermette e Zsuzsanna Sipos


MELHOR GUARDA-ROUPA

“Cruella”, Jenny Beavan


MELHOR MAQUILHAGEM E CABELOS

“Os Olhos de Tammy Faye”, Linda Dowds, Stephanie Ingram, Justin Raleigh


MELHORES EFEITOS VISUAIS

“Dune”


MELHOR FILME INTERNACIONAL

“Conduz o Meu Carro”, Japão


MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

“Encanto”


MELHOR DOCUMENTÁRIO

“Summer of Soul”


MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

“The Windshield Wiper”


MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL

“The Queen of Basketball”


MELHOR CURTA-METRAGEM DE IMAGEM REAL

“The Long Goodbye”


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