Crítica - 3096 Dias (2013)

 
Realizado por Sherry Hormann
Com Antonia Campbell-Hughes, Thure Lindhardt, Trine Dyrholm

3096 dias foi o tempo que Natascha Kampusch permaneceu em cativeiro depois de ter sido raptada, aos dez anos de idade, quando caminhava para a escola, pelo psicopata austríaco, Wolfgang Přiklopil. Apesar da enorme divulgação que o caso teve na comunicação social e de todas as buscas policiais, aquando do desaparecimento da menina em 1998, esta só conseguiu recuperara liberdade quando fugiu oito anos depois, aproveitando um descuido do seu raptor.
Esta é a história macabra e absolutamente real de 3096 tage, filme homónimo do livro autobiográfico escrito pela própria Natascha depois da libertação. O filme, num passo lento de quem conta os 3096 dias segundo a segundo, acompanha não só os horrores do cativeiro como também, por mais incómodo que isso possa ser, a relação que se estabelece entre a vítima e o homem que a criou. Apesar de abusar sexualmente da sua vítima, a espancar e a privar de comida, Wolfgang Přiklopil, por ser o único contacto humano de Natascha durante os anos em que esteve presa, conseguiu conquistar um lugar obscuro nas emoções da jovem.


Mais do que a procura de uma estética, o filme vale por este aspecto documental de testemunho horrendo de uma experiência singular, reforçado pelas excelentes interpretações de Amelia Pidgeon (Natasha aos 10 anos), Thure Lindhardt (o louco Wolfgang Přiklopil) e, sobretudo, de Antonia Campbell-Hughes (Natasha adolescente) que soube conferir à personagem a força sobre humana, a coragem e a lucidez que permitiram à jovem raptada sobreviver a oito anos de maus tratos e ainda conseguir escapar pelos seus próprios meios com vida, mal percebeu que aquela era a sua oportunidade.
"3096 Dias" recria ainda o ambiente claustrofóbico da cela subterrânea onde Natascha estava presa e, num jogo de luz e sombra, o ambiente que aí se vivia na ausência de qualquer contacto com o exterior. Mesmo depois de o raptor permitir à jovem acompanhá-lo ao exterior, o espectador sente verdadeiramente o pavor que assola a jovem, o medo paralisante, a barreira com o exterior, que a impede de comunicar com os outros e de esse modo ter tentado fugir mais cedo. 
Não é abordada a vida de Natasha depois da fuga, que tem sido bastante conturbada, nem mesmo o seu reencontro com os pais corresponde à verdade dos factos, mas, não me parece, que isso perturbe a recepção da obra. O espectador vive os 111 minutos do filme num verdadeiro estado de tensão, num choque de emoções contraditórias e com um sentimento profundo de culpa por nada ter feito pela salvação daquela jovem bem como de muitas outras que ainda hoje se possam encontrar em situações semelhantes. A fragilidade da segurança em que cremos acreditar que vivemos é fortemente abalada por este filme, com poucos diálogos, sem grandes explicações psicológicas mas com uma carga emocional fortíssima, que talvez não agrade a quem procure culpados à viva força.

Classificação - 4 Estrelas em 5

Enviar um comentário

10 Comentários

  1. ola, onde vc viu o filme? queria ver mas ainda nao estreiou no meu pais, Brasil. Obrigada

    ResponderEliminar
  2. Filme tocante, ótimas atuações. Vale como arte e documentário!

    ResponderEliminar
  3. Quem escreveu esse filme é mais doente do que o psicopata... Um grande lixo. Um dos piores filmes que já vi em toda minha vida. Quem escreveu o roteiro é doente! Certeza!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A intenção é essa caso você não soube indentifica, o intuito é trazer o pudor sua mente que é macabra em pensar isso queria que fosse algo suave.

      Eliminar
    2. este filme é um relato do que aconteceu na realidade ele é basido em factos reais, nunca ouvistes falar no caso da "Natascha Kampusch"

      Eliminar
  4. Quanta ignorância.....a pessoa que declarou que "quem escreveu o roteiro é doente"....
    CRIATURAAAAAA...o filme se baseia numa história REAL. Não sabe o que é real? Vá procurar o significado. pavor de gente burra.

    ResponderEliminar
  5. Não pude ler o livro ainda,mas como um filme baseado em fatos reais,foi muito bem feito o roteiro perfeito,da pra sentir todas as angustias pelas quais Natascha passou no cativeiro.Muito bom pelo estilo de filme que é,te prende do início ao fim!

    ResponderEliminar

//]]>