Crítica - X-Men: Days of Future Past (2014)

Realizado por Bryan Singer
Com Jennifer Lawrence, James McAvoy, Michael Fassbender

Desde que foi anunciado, “X-Men: Days of Future Past” foi imediatamente encarado como uma espécie de “The Avengers” do universo mutante da Marvel. A junção dos dois elencos de luxo (o original de Bryan Singer com o da fabulosa prequela de Matthew Vaughn) fazia desde logo antever o projeto mais ambicioso e vistoso da saga X-Men, o que deixou os fãs de Wolverine, Professor X, Magneto e companhia limitada entusiasmadíssimos. Para além do mais, Bryan Singer – o realizador dos dois primeiros e tão apreciados filmes da saga – estava de regresso ao comando das operações, de modo que todas as condições estavam formadas para que esta nova aventura dos X-Men fosse, de facto, a mais bombástica e especial de sempre. Entrámos então na sala de cinema com as expectativas em alta, convencidos que iríamos testemunhar duas horas de grande espetáculo cinematográfico. A verdade, porém, é que saímos da sala um pouco desiludidos. Não que “X-Men: Days of Future Past” seja mau, nada disso. Mas parece-me óbvio que não cumpre com aquilo que prometia, ficando muito longe do filme eletrizante ao estilo “The Avengers” que chegámos a acreditar que poderia vir a ser. Nesta aventura apocalítica (bem, apocalítica pelo menos para os mutantes do futuro), os Sentinelas de Trask – robôs altamente sofisticados e construídos com o singular propósito de eliminar toda a raça mutante – estão a um pequeno passo de extinguir os mutantes da face do planeta. Dos pupilos do Professor X, já só um punhado de sobreviventes resiste. E a solução encontrada para escapar às garras dos Sentinelas que os perseguem impiedosamente é a seguinte: Wolverine terá de regressar ao passado, mais precisamente à década de 70, para impedir que a jovem Mystique cometa um assassinato que desencadeará o futuro apocalítico. E para levar essa árdua missão a bom porto, Wolverine terá de concluir com sucesso uma missão ainda mais hercúlea: convencer os jovens Charles Xavier e Magneto a unirem esforços por uma causa comum…


“X-Men: Days of Future Past” tem os seus altos e baixos. Nem tudo é bom e também nem tudo é mau. Sai-se da sala com um sentimento de desilusão porque se esperava algo mais. Esperava-se algo de especial e, afinal de contas, o resultado final não passa do razoável. Os efeitos especiais são de topo e a escala do filme é grandiosa, fazendo-se notar que a ambição era enorme. Os jovens Charles, Magneto e Mystique continuam tão fascinantes como em “X-Men: First Class” e a introdução de Wolverine na sua dinâmica relacional complicada origina alguns momentos cómicos bem executados. Quicksilver revela-se uma adição acertada ao conjunto de heróis, já que reserva para si algumas das sequências mais inspiradas da película. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito de outras adições, que pouco ou nada acrescentam à narrativa e apenas cumprem o propósito de servirem de carne para canhão. É também muito bom ver de volta atores tão fascinantes como Ian McKellen e Patrick Stewart, mas é impossível não ficar com a sensação de que o elenco mais jovem (o que transita de “First Class”) é mais forte, mais carismático, mais interessante e mais ajustado do que o elenco original, o que cria uma espécie de desequilíbrio na história que está a ser contada. O efeito “The Avengers” acaba por não se fazer sentir porque os dois elencos (o do futuro e o do passado) praticamente não contracenam um com o outro. Só Wolverine faz a ligação entre ambos os conjuntos e isso revela-se insuficiente para criar aquele ambiente especial por que tanto esperávamos. De certa forma, e graças a isto, os dois espaços temporais parecem dois filmes distintos com pouco ou nada que os ligue. E isto leva a que “X-Men: Days of Future Past” se transforme em dois filmes colados com fita-cola, ainda por cima dois filmes de qualidade diferente. Ao passo que James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence são fascinantes, Halle Berry, Ellen Page e Shawn Ashmore não o são, criando-se assim um fosso qualitativo entre os dois espaços temporais. E agora passemos aos realizadores. Bryan Singer está longe de ser um realizador de talento duvidoso, tendo já comprovado os seus dotes de cineasta em fitas como “The Usual Suspects” e “Valkyrie”. Contudo, no que ao universo dos X-Men diz respeito, e apesar de Singer ter sido o realizador original da saga, parece-me justo dizer que Matthew Vaughn (realizador de “First Class”) lhe terá passado a perna. “First Class” tinha uma aura de humor negro e irreverência que se perdeu por completo com o regresso de Singer neste “Days of Future Past”. Vaughn esteve perto de ser o realizador deste projeto ambicioso e agora percebemos que foi uma pena ele ter acabado por ser substituído por Singer, pois este “Days of Future Past” poderia ter sido bem menos previsível e bem mais excitante com Vaughn ao comando das operações. Infelizmente, e excluindo uma ou outra cena mais feliz, nem mesmo as sequências de ação se destacam em “Days of Future Past”. E o final é algo sensaborão, podendo deixar alguns espectadores à beira de um ataque de nervos. Mas enfim, terá de se realçar o valor desta obra enquanto produto de entretenimento divertido e minimamente competente. Pena é que não tenha ido mais além, destruindo o caminho de glória que havia sido traçado pela excelente prequela de 2011.

Classificação – 3 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Não consigo ver esta crítica como um comentário impessoal. Obviamente, pelo que o texto expressa, o motivo que desagrada ao autor está relacionado como uma expectativa pessoal que, forçosamente, não será partilhada por muita gente. Pessoalmente, nunca imaginei este projecto como algo ao estilo "The Avengers". Por outro lado, não sinto que, por termos duas linhas temporais distintas, que as mesmas tenham que ser encaradas como filmes distintos. O carisma do duo Magneto e Charles está naturalmente condicionado pela narrativa, não sendo que se trate, de facto, de um problema de representação. Também não poderemos esperar que o desempenho da sequência situada cronologicamente no futuro seja tão espampanante e interessante como a situada nos anos 70, pois, naturalmente, é uma sequência que reflecte não uma parte proeminente no filme, mas sim um compasso de espera em que nada acontece, pois, em termos narrativos, é uma parte do filme temporalmente menor e que está completamente subjugada ao que acontece no período dos anos 70, período esse que domina o filme pois é aquele que apresenta o conflito principal que interessa ao espectador. O futuro é apenas uma consequência desse conflito. Ou seja, com isto quero dizer que esta crítica peca por querer distinguir estes dois momentos do filme como dois segmentos paralelos de igual importância dramática, quando o filme nunca, em momento nenhum, quer que essa comparação / distinção seja feita. Claramente que o conflito que interessa ao filme se situa nos anos 70, logo a sequência futura é apenas um complemento em que serve para demonstrar consequências e não funciona como uma parte equivalente, como esta crítica quer afirmar. Ou seja, não vejo que o erro do filme se prenda como a forma como estes dois momentos se relacionam, vejo apenas uma crítica que fala de expectativas pessoais que foram desfraldadas, sendo que essas críticas pertencem a uma pessoa e não ao colectivo de espectadores. Devia ser uma feita uma crítica muito mais imparcial.

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  2. Eu realmente gostava de saber quem escreve estas criticas?! O GRANDE problema é ter expectativas muito grandes, só porque viram o trailer cheio de passados e futuros e ''viagens no futuro'' e cenas assim, nao quer dizer que o filme vai ser um estrondo! Na minha opinião eu acho que o filme está excelente 5*, não fiquei desiludido! Só o facto de trazerem de volta o Patrick Stewart e Ian Mckellen já me deixou satisfeito, o filme basicamente não se trata do que acontece no futuro, mas sim o que não foi feito no passado, Eu acho que o Singer fez um bom trabalho, este filme é sem duvida alguma um dos melhores. O facto do logan ser a peça principal deixa me maluco (pois ele é a minha personagem favorita) eu acho que um trabalho melhor que este era impossivel! Cumps ;)

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