Crítica - Edge of Tomorrow (2014)

Realizado por Doug Liman
Com Tom Cruise, Emily Blunt, Brendan Gleeson, Bill Paxton

À primeira vista, lendo a sinopse e pouco mais, “Edge of Tomorrow” faz lembrar “Source Code”, o filme de 2011 com Jake Gyllenhaal no papel principal. Tal como Tom Cruise faz na película que agora se encontra em exibição nas salas de cinema nacionais, também Gyllenhaal voltava atrás no tempo sempre que perecia num acidente de comboio, vivendo o mesmo dia vezes sem conta. Porém, as semelhanças acabam por aqui. Pois ao passo que Gyllenhaal tentava desmascarar um terrorista prestes a rebentar com o referido comboio apinhado de gente, Cruise tenta salvar toda a humanidade numa batalha épica contra seres de outra galáxia que possuem o dom de controlar o espetro temporal. “Source Code” estava muito mais próximo de um filme de espionagem com elementos sci-fi a apimentar a narrativa. “Edge of Tomorrow” é pura ficção-científica, servida em doses de grande adrenalina. Tom Cruise interpreta o Major Cage, um militar averso a grandes confrontos físicos e habituado a operar longe do foco de batalha. Contudo, um acontecimento inesperado força-o a abandonar o trabalho de escritório e a ir de encontro ao fervor da batalha, situação para a qual não está minimamente preparado. Ao fim de poucos minutos no campo de guerra, Cage morre como seria de esperar, mas descobre que adquiriu o poder de regressar à vida e voltar atrás no tempo. A partir desse instante, e com a ajuda da heroína Rita (Emily Blunt), ele compreende que tem de aprender a sobreviver e a tornar-se um soldado experiente, de modo a derrotar o líder inimigo e acabar com a guerra de uma vez por todas.


“Edge of Tomorrow” é um filme de ação intenso e cautelosamente arquitetado, repleto de momentos cómicos e de efeitos visuais de encher o olho. É um filme bastante divertido e dinâmico, possuindo momentos de leveza cómica e momentos de grande intensidade dramática. Uma obra que se suporta numa narrativa que se repete vezes sem conta tem de ser suficientemente criativa para não perder o interesse do espectador e tem, claro está, de apresentar um ritmo dinâmico e enérgico, para compensar os sucessivos avanços e recuos da história. O Major Cage de Tom Cruise está sempre a voltar atrás no tempo e a viver os mesmos eventos terroríficos, mas o espectador sente que está sempre a ver algo diferente porque Doug Liman conseguiu filmar as mesmas cenas sempre de uma forma diferente, apresentando aqui e ali um pormenor inovador que leva a narrativa numa direção alternativa. A montagem está também muito bem apetrechada, o que faz com que o espectador nunca perca o fio à meada, por muito que a trama nem sempre recomece no mesmo ponto temporal do dia que Cage vive repetidamente. As sequências de ação são também bastante vistosas, inserindo a audiência no âmago das batalhas caóticas e fazendo-a temer pelo bem-estar dos protagonistas. Nota-se que Liman está habituado a rodar excelentes filmes de ação (Liman tem no currículo filmes como “The Bourne Identity” e “Mr. And Mrs. Smith”) e, todavia, sem descurar o equilíbrio dramático da película. Nas mãos de Michael Bay, por exemplo, “Edge of Tomorrow” poderia facilmente ter descambado para o exagero ridículo. Com Liman aos comandos, porém, mantém-se sóbrio e controlado, apesar de por vezes a ação se sobrepor às personagens. Mas, como sempre, nem tudo são rosas. O argumento não é tão consistente quanto isso, deixando algumas questões no ar que nunca chegam a ser devidamente respondidas. A segunda metade da película é também bem menos interessante que a primeira e o ato final em particular deixa muito a desejar, com um encerrar de pano tão duvidoso quanto desnecessário. E por muito que atores como Brendan Gleeson e Bill Paxton emprestem carisma ao elenco secundário, o filme vive muito à custa das prestações de Blunt e Cruise, sobretudo deste último. Digam o que disserem do homem, a verdade é que ele é brilhante em qualquer papel e este não é exceção. Cage ganha outra vida com Cruise a interpretá-lo e é essencialmente ele que não deixa o filme morrer no ato final. Em suma, para os fãs acérrimos de Cruise, “Edge of Tomorrow” é uma obra a não perder. Para os restantes, é apenas uma fita sci-fi divertida e competente.

Classificação – 3 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Muito bom filme altamente recomendado! É muito interessante a história principal e os seus anexos, vale muito a pena! E, claro, sem dar mais detalhes Edge of tomorrow amado, divertido e muito inovador.

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