Crítica - A Million Ways to Die in the West (2014)

Realizado por Seth MacFarlane 
Com Seth MacFarlane, Charlize Theron, Liam Neeson 

O sucesso das séries de animação “American Dad” e “Family Guy” valeram a Seth MacFarlane uma ótima credibilidade junto do mundo do entretenimento e da comédia. Em 2012, MacFarlane impulsionou esta credibilidade para novos voos graças a “Ted”, uma provocante comédia produzida, realizada e protagonizada pelo próprio MacFarlane, que acabou por conquistar um elevado sucesso mediático e comercial um pouco por todo o mundo. Esta sua portentosa estreia em Hollywood acabou por impulsionar as expetativas de todos em relação à segunda entrega cinematográfica da sua carreira que, embora não seja de todo tão divertida e diferente como o seu primeiro sucesso, apresenta-se ainda assim como um razoável esforço dentro do género humorístico, apesar de não ter uma intriga assim tão empolgante ou um conjunto de piadas imensamente apelativo. Tal como aconteceu com o bem sucedido “Ted”, MacFarlane assumiu a produção, a realização e o protagonismo de “A Million Ways to Die in the West”, tendo-se juntado a Alec Sulkin e Wellesley Wild para escrever o seu guião, que tem portanto como protagonista o próprio MacFarlane, que assume aqui o papel de um cobarde pastor de ovelhas chamado Albert que, após escapar de forma cobarde a um tiroteio e de perder a sua namorada para outro homem, reencontra a coragem e a paixão junto de uma enigmática mulher que chegou recentemente à cidade. O problema é que após se apaixonar por ela, Albert descobre que ela é a esposa de um famoso fora da lei, que quando chega à cidade à procura de vingança, obrigará este tímido pastor a pôr à prova a sua recém-descoberta coragem.


Há que dizer que Seth MacFarlane é uma pessoa bastante capaz e imaginativa. Em “Ted” já tinha demonstrado estas qualidades valorosas que, como é óbvio, predominam acima de tudo nos seus projetos televisivos. Esta sua nova produção cinematográfica não tem, como já referi, o apelo criativo e cómico da sua longa metragem de estreia, mas dentro do género, não restam dúvidas que “A Million Ways to Die in the West” é um razoável produto de entretenimento que consegue arrancar algumas gargalhadas ao público graças, sobretudo, a um conjunto de piadas e sequências excessivas mas cómicas que, apesar de tudo, enquadram-se no espírito semi obsceno e comercial deste produto. Se já conhece o estilo particular de MacFarlane já sabe que vai encontrar um filme recheado de insinuações sexuais e dotado de um humor bastante abusado, mas convém destacar, desde já, que “A Million Ways to Die in the West” escapa à ordinarice generalizada, no entanto, não escapa à idiotice. É claro que é um filme à imagem de MacFarlane, mas acaba por até ser mais contido que "Ted" na componente sexual, no entanto, vale a pena reforçar que o tipo de humor presente nesta comédia não é propriamente um exemplo de classe, maturidade e astucia, mas acaba portanto por ser bastante contido dentro da componente lasciva, porque apesar de apresentar várias piadas sexuais, não se pode dizer que estas sejam muito prevalentes, já que se restringem, quase na totalidade, às sequências que envolvem as personagens secundárias interpretadas, com alguma piada, por Sarah Silverman e Giovanni Ribisi. Já sabe portanto que pode esperar encontrar uma comédia algo ofensiva e até um pouco excêntrica e sexual, mas que no fundo é genericamente comercial e acaba por se afastar daquele tipo de humor exageradamente fácil que assenta apenas na imaturidade e na ordinarice. É portanto uma espécie de paródia que está bem longe da perfeição, mas dentro das suas possibilidades, “A Million Ways to Die in the West” até consegue entreter com os seus exageros e piadas idiotas, sendo de destacar aquelas que fazem referência à crueldade da vida no faroeste e que, infelizmente, pecam pela sua escassez. 

   

Esta razoável componente humorística tem portanto um certo apelo, especialmente para os fãs deste tipo de comédias, mas é complicado encontrar o mesmo tipo de apelo na sua fraquinha história, que por entre as piadas que lhe dão vigor, apresenta uma narrativa pouco forte e com muitos estereótipos que tornam difícil um acompanhamento atento por parte do público. É por isso que a única coisa que vale mesmo a pena em “A Million Ways to Die in the West” é a sua componente cómica, onde se incluem já agora os surpreendentes e bem pensados crossovers com os filmes “Back to the Future“ e “Django Unchained”. É porque embora não seja apelativo, adulto ou imensamente empolgante, o humor deste projeto acaba por entreter o espetador e levá-lo numa viagem relativamente divertida por um velho faroeste pouco credível mas bastante curioso. Se gostou de "Ted" e gosta de "Family Guy" então também deverá gostar de “A Million Ways to Die in the West”, mas aviso desde já que não estamos perante um produto de MacFarlane tão provocante, hilariante e completo como os seus grandes sucessos mediáticos.

Classificação - 2,5 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Menos piadas de cariz sexual, mesmo humor irreverente do criador de Family Guy. Levou três parágrafos enormes a dizer isto...

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